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Conteúdo
Panda-gigante | |||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||
Vulnerável (IUCN 3.1) [1][2] | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Ailuropoda melanoleuca (David, 1869) | |||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||
A espécie está distribuída em seis regiões montanhosas da China.
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Subespécies | |||||||||||||||
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O panda-gigante (nome científico: Ailuropoda melanoleuca, do grego: ailuros, gato + poda, pés; e melano, preto + leukos, branco), ou simplesmente panda, é um mamífero herbívoro da família Ursidae endêmico da República Popular da China.
Nomenclatura e taxonomia
O panda-gigante foi descrito pelo missionário francês Armand David em 1869 como Ursus melanoleucus.[3] No ano seguinte, Alphonse Milne-Edwards ao examinar o material enviado por David, notou que os caracteres osteológicos e dentários o distinguia dos ursos e o aproximava ao panda-vermelho e aos procionídeos, descrevendo então um novo gênero para a espécie, e recombinando-a para Ailuropoda melanoleuca.[4] No mesmo ano, Paul Gervais concluiu com base num estudo das estruturas intracranianas que o panda era relacionado com os ursos, criando um novo gênero, o Pandarctos.[5] Em 1871, Milne-Edwards acreditando que o gênero Ailuropoda estava pré-ocupado pelo Aeluropoda de Gray, publicado em 1869, propõe o nome Ailuropus. William Henry Flower e Richard Lydekker em 1891 emendam o novo nome de Milne-Edwards para Aeluropus,[6] resultando em uma considerável confusão na literatura subsequente.[7]
A classificação do panda-gigante tem sido objeto de grande controvérsia por muitos anos, principalmente pelas características compartilhadas com o panda-vermelho, como semelhanças nas estruturas craniais, dentárias, viscerais e da genitália externa, assim como a presença do osso sesamoide opositor na mão (falso-dedo).[8] Inicialmente tratado como urso, e posteriormente relacionado com o panda-vermelho e os procionídeos, a espécie sofreu reposicionamento taxonômico diversas vezes no decorrer dos anos. Em 1885, George Jackson Mivart revisou os carnívoros artóideos posicionado tanto o Ailurus como o Ailuropoda na família Procyonidae.[9] Flower e Lydekker 1891, dividiram os gêneros, deixando o Ailurus na Procyonidae e movendo o Ailuropoda para a Ursidae.[6] Em 1895, Herluf Winge relacionou o panda a um gênero extinto, o Agriotherium.[10] Em 1901, Ray Lankester e Richard Lydekker reafirmam o posicionamendo de ambos os gêneros entre os procionídeos, separando-os na subfamília Ailurinae.[11][12] Reginald Innes Pocock em 1921 revisou a Procyonidae, separando os dois gêneros em famílias distintas, Ailuridae e Ailuropodidae.[13] William Gregory, em 1936, ao examinar características craniais e dentárias dos dois pandas e de outros gêneros extintos, retorna os dois gêneros a família Procyonidae.[14] George Gaylord Simpson em sua classificação dos mamíferos de 1945 mantém o posicionamento defendido por Mivart e demais autores que colocam os dois gêneros de pandas entre os procionídeos.[15]
Em 1956, Leone e Wiens analisando proteínas sorológicas concluem que o panda-gigante é um ursídeo.[16] Em 1964, Davis mantém o Ailuropoda entre os ursos, baseado na morfologia geral das espécies.[7] Numa revisão de 1978, a espécie é posicionada na tribo Ailuropodini pertencente a subfamília Agriotheriinae.[8] Erich Thenius, em 1979, ressuscita a família Ailuropodidae para o gênero Ailuropoda.[17] Em 1985, a subfamília Ailuropodinae é arranjada dentro da Ursidae.[18] No mesmo ano, outro autor, volta a relacionar os dois pandas, indicando que os gêneros podem ser arranjados em famílias distintas mas muito próximas ou então na mesma família, a Ailuridae.[19] Em 1993, a segunda edição do Mammals Species of the World posiciona os dois gêneros na subfamília Ailurinae dentro da Ursidae.[20] Mas em 2005, na terceira edição, desfaz o arranjo, elevando o Ailurus a família Ailuridae, e voltando o Ailuropoda a família Ursidae, mas sem reconhecer nenhuma subfamília.[21] Outros autores, entretanto, classificam o gênero na tribo Ailuropodini da subfamília Ursinae,[22][23] ou então na subfamília Ailuropodinae[24]
Subespécies
Duas subespécies são reconhecidas com base em medidas craniais distintas, padrões de coloração e genética populacional:[25]
- Ailuropoda melanoleuca melanoleuca (David, 1869) - ocorre em Sichuan e Gansu, e apresenta o típico contraste preto e branco na coloração.
- Ailuropoda melanoleuca qinlingensis Wan, Wu & Fang, 2005 - restrita nas Montanhas Qinling, em Shaanxi, em elevações de 1 300 – 3 000 metros de altitude; apresenta uma coloração contrastante entre marrom escuro e marrom claro; o crânio é menor que na subespécie nominal, e os molares são maiores.
Distribuição geográfica e habitat
O panda-gigante está confinado ao centro-sul da China. Sua distribuição atual consiste em seis áreas montanhosas isoladas (Minshan, Qinling, Qionglai, Liangshan, Daxiangling, e Xiaoxiangling), nas províncias de Gansu, Shaanxi e Sichuan. O território total que a espécie ocupa é de aproximadamente 30 000 km² entre 102-108,3°E (longitude) e 28,2-34,1°N (latitude),[1] entretanto, somente 20% dessa área (5 900 km²) constitui habitat para o panda.[26]
A espécie originalmente ocorreu em mais regiões ao leste e ao sul da China, com registros fósseis indicando sua presença até o norte de Mianmar e norte do Vietnã, ao sul, e até as proximidades de Pequim, ao norte. Até 1850, o panda era encontrado no leste de Sichuan e nas províncias de Hubei e Hunan. Em 1900, foi restrito as Montanhas Qinling e outras áreas montanhosas no limite do platô tibetano. A rápida expansão da agricultura nos principais vales contribuíram para a fragmentação.
Os pandas habitam as florestas temperadas montanhosas com densos bambuzais, principalmente do gênero Sinarundinaria, entre altitudes de 1 200 a 4 100 metros de altitude. A distribuição sobrepõe-se em muito a do urso-negro-asiático (Ursus thibetanus), entretanto, eles não competem entre si, pois as necessidades ecológicas das espécies são diferentes.[1]
Em 2016 existem cerca de 2200 pandas, dos quais 400 estão em cativeiro, incluindo jardins zoológicos.[27]
Características
Ficha técnica[28] | |
Altura | 65 - 70 cm |
Comprimento | 120 - 150 cm |
Cauda | ~13 cm |
Peso | 75 - 160 kg |
Tamanho de ninhada | 1 - 2 |
Gestação | 97 - 163 dias |
Desmame | 8 - 9 meses |
Maturidade sexual | 5,5 - 6,5 anos (machos) |
Longevidade | 34 anos (em cativeiro) |
O panda-gigante é um mamífero de cor preto e branco que come bambu (folhas). A pelagem é grossa e lanosa para suportar as baixas temperaturas no ambiente subalpino em que vive. As manchas oculares, membros, orelhas e uma faixa que atravessa os ombros são negras; alguma vezes com um tom acastanhado.[28] As restantes partes do corpo são brancas, mas podem-se tornar "encardido" com a idade. A população da região de Qingling apresenta a pelagem em dois tons contrastantes de castanho.[25]
O crânio e a mandíbula são robustos, a crista sagital é bem desenvolvida, e os arcos zigomáticos são expandidos lateralmente e dorsoventralmente, assim como nos demais carnívoros arctóideos. Difere dos outros ursídeos, por apresentar a fissura orbitária confluente com o forame redondo, os processos pós-orbitais são reduzidos, e o canal alisfenóide é ausente. Apresenta o forame intepicondilar, uma característica primitiva, somente compartilhada com o Tremarctos ornatus.[8]
Dieta e hábitos alimentares
Apesar de pertencer à ordem dos Carnívoros e ter um sistema digestivo e genético de carnívoro, o panda possui hábitos herbívoros, alimentando-se quase que exclusivamente das folhas de bambus. As características morfológicas de parentes extintos do panda gigante sugerem que enquanto o antigo panda gigante era onívoro há 7 milhões de anos (mya), ele só se tornou herbívoro cerca de 2-2,4 milhões de anos atrás com o surgimento de A. microta.[29] [30] O sequenciamento do genoma do panda gigante sugere que a mudança na dieta pode ter sido iniciada a partir da perda do único receptor de sabor umami T1R1/T1R3 , resultante de duas mutações de mudança de quadro nos exons [31]. O sabor umami corresponde a altos níveis de glutamato encontrados na carne e pode ter alterado a escolha alimentar do panda [32]. Análises usando assinaturas químicas de ossos e dentes de pandas antigos e modernos indicam que a hiperdependência de ursos em bambu poderia ter se desenvolvido há cerca de 5 mil anos.[33] O panda gigante consome, em média, de 9 a 14kg de bambu por dia,[34] mas devido à pouca absorção de nutrientes, característica do seu sistema digestivo ineficiente, ele tem que passar a maior parte do dia a comer e exercitar-se um pouco.[35] Os pandas podem alimentar-se de 25 espécies diferentes de bambus, mas a devastação das florestas limitou-os a pouca variedade em lugares mais íngremes, elevados e isolados da Ásia central. As folhas e os brotos de bambus são ricas em proteínas.[36] Apesar de manterem as presas, garras, capacidade digestiva e força para caçar pequenos mamíferos, aves, peixes e ovos, os pandas raramente o fazem.[37] A sua digestão de celulose depende de sua flora intestinal, sendo a sua genética desfavorável.[38]
Ainda que o bambu seja rico em água (40% de seu peso, chegando a 90% no caso de brotos), o panda bebe frequentemente água de riachos ou neve derretida.
Em cativeiro a sua dieta consiste em bambu, cana-de-açúcar, mingau de arroz, biscoitos especiais ricos em fibras, cenoura, maçã e batata-doce.
Predadores
Os pandas-gigantes possuem poucos predadores, indivíduos do sexo feminino podem ser predados por leopardo-das-neves e leopardos, os filhotes podem ser predados pelos 2 citados anteriormente e ainda por martas-de-garganta-amarela, águia, cães e pela raposa-dos-montes, e existe registros de ursos-negros caçando indivíduos juvenis, de 50 kg.
Apesar da grande quantidade de predadores os pandas machos saudáveis estão totalmente ausente de predadores, com exceção do homem.
Comportamento e ecologia
Os pandas gigantes são geralmente solitários. Cada adulto tem um território definido e as fêmeas não são tolerantes com outras fêmeas no seu território.[39] Os pandas comunicam através de vocalização e marcam território arranhando árvores e urinando nas suas fronteiras.[40] O panda gigante é capaz de escalar e usar como refúgio árvores ocas ou fendas de rochas, mas não estabelece tocas permanentes. Por esta razão, os pandas não hibernam, o que é semelhante ao hábito de outros mamíferos subtropicais da região, que preferem deslocar-se para regiões e altitudes com temperaturas mais quentes.[41] Ao contrário do que se pensa, os pandas não são dóceis, eles podem apresentar comportamento agressivo, sendo, então, muito perigosos.[28] Os pandas utilizam mais da memória espacial do que da memória visual.[42]
Embora os pandas sejam tradicionalmente considerados na categoria crepuscular - aqueles que são ativos duas vezes por dia, ao amanhecer e entardecer - Zhang Jindong descobriu que podem pertencer a uma categoria própria.[43]
Reprodução
A época de reprodução dá-se na Primavera, quando os machos competem pela fêmea fértil. A gestação é em média de 135 dias. Normalmente nascem um ou dois filhotes. Devido à natureza frágil e delicada dos ursinhos, a mãe opta por criar um único filhote. O filhote rejeitado é abandonado à morte. O desmame dá-se com um ano de idade, mas o panda já é capaz de ingerir o bambu em pequenas quantidades desde os seis meses. O intervalo entre as ninhadas é de dois anos ou mais.
Somente 10% dos pandas em cativeiro conseguem acasalar naturalmente. Apenas 30% das fêmeas engravidam. Mais de 60% dos pandas cativos não demonstram qualquer desejo sexual.
A esperança média de vida de um panda é de 13 anos. Em 2005, Basi, uma ursa panda chinesa, comemorou 25 anos de idade, que se comparam a 100 anos humanos. No mesmo ano, uma fêmea chamada Meimei morreu aos 36, equivalentes a 108 anos humanos, no jardim zoológico da cidade de Guilin.
No dia 28 de julho de 2015 o panda Jia Jia, do Ocean Park Hong Kong, completou 37 anos de idade, sendo reconhecido pelo Guiness World Records como o panda criado em cativeiro mais velho do mundo.[45]
Em 28 de dezembro de 2016 o panda mais velho do mundo morreu num centro na cidade chinesa de Dujiangyan. O urso panda Pan Pan tinha 31 anos e era o mais velho do mundo.[27]
Conservação
A baixa taxa de natalidade, a alta taxa de mortalidade infantil e a destruição de seu ambiente natural colocam o panda sob ameaça de extinção. A caça não representa problemas devido às rígidas leis chinesas. Em 1995, um fazendeiro foi sentenciado a prisão perpétua por ter atirado em um panda. No ano seguinte, dois homens foram condenados a morte após serem presos portando peles de panda e macaco-dourado. A partir de 1997 passou-se a punir os infratores com uma pena de 20 anos de prisão.
Armadilhas para cervos-almiscarados e ursos-pretos muitas vezes acabam ferindo pandas.
O número de pandas selvagens na China está estimado em 1.596. Em 2000 contavam-se 1.114 exemplares, espalhados por territórios que têm uma superfície total de 23.000 km² nas províncias de Sichuan, Gansu e Shaanxi. Estudos em 2006, baseados em exame de DNA coletado em fezes, indicam que possam haver pelo menos 3.000 animais em liberdade. Existem 183 pandas-gigantes em cativeiro na China, 100 dos quais, estão em um centro especializado em Sichuan. Outros 20 espécimes se encontram distribuídos pelos principais zoológicos do mundo.
Em 2016 o panda-gigante foi reclassificado na lista vermelha da IUCN como uma espécie vulnerável e não mais ameaçada por causa do aumento da população e dos esforços de conservação.[2]
Baby boom
O ano de 2005 foi considerado um grande ano para os projetos em criação da espécie em cativeiro. 25 filhotes nascidos em zoológicos e centros de reprodução sobreviveram. Em 2004, foram 9 os filhotes sobreviventes.
Etimologia
Da xiong mao (大熊猫), o nome em chinês para o panda, significa grande urso-gato. Pode ser chamado também de huaxiong (urso de faixa), maoxiong (urso felino) ou xiongmao (gato ursino). Registros históricos de 3000 anos ("O Livro de História e o Livro de Canções", a coleção mais antiga da poesia chinesa), o mencionam sob o nome de pi e pixiu. A palavra panda significa algo parecido com "comedor de bambu".
Referências
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Ligações externas
- Matérias sobre panda da FolhaOnline.
- Wolong Panda Conservation Centre (em chinês).
- (em inglês) Panda Central, página do WWF sobre o panda
- (em inglês) Giant Panda Species Survival Plan
- (em inglês) Pandas International, um grupo dedicado a conservação dos pandas
- (em inglês) AZA Panda Conservation Plan
- (em inglês) The Panda's Thumb
- (em inglês) Página de informações no WWF