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Clientelismo é a troca de bens e serviços por apoio político, sendo a troca algo implícito ou não.[1] O clientelismo denota a prática de distribuir empregos, favores e outros benefícios aos seguidores em troca de apoio político.[2]
Richard Graham definiu o clientelismo como um conjunto de ações baseadas no princípio "toma lá, dá cá", com a prática que permite a clientes e patrões aproveitarem o apoio de outros. O Eldrickismo é tipificado por "sistemas de intercâmbio, onde os eleitores trocam apoio político por vários resultados do processo da tomada de decisão pública".[3][4][5][6]
Origens
A origem da prática foi atribuída à Roma antiga. As relações entre o patrono (patronus) e cliente (cliens) foram vistos como cruciais para a compreensão do processo político. Embora as obrigações entre elas fossem mútuas, o ponto principal é que elas eram hierárquicas. Esses relacionamentos devem ser vistos não como uma entidade, mas como uma rede (clientela), com os patrões talvez sendo obrigados a alguém de maior poder, e os clientes talvez tendo mais de um patrão. Essas extensões aumentam as possibilidades de surgir interesses conflitantes. Enquanto a “família” era a unidade básica subjacente à sociedade romana, as redes interligadas (clientela) agiam como restrições à sua autonomia, mas permitiam o desenvolvimento de uma sociedade mais complexa. Historiadores do final do período medieval evoluíram o conceito para o feudalismo bastardo. Há, como sempre, ambiguidade no uso da terminologia política e os termos "clientelismo", "relacionamento patrão-cliente", "patrocínio" "e máquina política às vezes são usados para descrever ou conceitos relacionados.[4][6][7][8]
Clientelismo e corrupção
Na compreensão da noção de clientelismo, pode-se apontar questões e paralelos desse conceito com o conceito de corrupção. As duas práticas implicam numa valorização dos interesses privados em detrimento de interesses públicos. Entretanto, trata-se de conceitos distintos.
Segundo o Banco Mundial, corrupção seria o abuso de um cargo público para fins privados, onde este abuso pode envolver o oferecimento de suborno a autoridades públicas por parte de agentes privados em troca de lucros ou vantagens competitivas, patronagem e nepotismo ou roubo de bens públicos ou o desvio de recursos estatais.[9] Já o clientelismo, em definição proposta por Piatonni, seria um conjunto de estratégias para aquisição conservação e aumento de poder político, podendo ocorrer, desse modo, práticas de corrupção durante a execução dessa prática, porém não necessariamente.[10]
Ver também
- República Velha
- Capitalismo clientelista
- Coronelismo
- Bem-estar corporativo
- Economia da corrupção
- Patrimonialismo
- Fisiologismo
- Corrupção
Referências
- ↑ Stokes, Susan C; Dunning, Thad; Nazareno, Marcelo; Brusco, Valeria (16 de setembro de 2013). Brokers, Voters, and Clientelism: The Puzzle of Distributive Politics. [S.l.: s.n.] ISBN 978-1107660397
- ↑ Paul Barry Clarke; Joe Foweraker (16 de dezembro de 2003). Encyclopedia of Democratic Thought. [S.l.]: Routledge. p. 94. ISBN 978-1-136-90863-7
- ↑ Davidson, Roei; Schejter, Amit M (2011). «"Their Deeds are the Deeds of Zimri; but They Expect a Reward Like Phineas": Neoliberal and Multicultural Discourses in the Development of Israeli DTT Policy». Communication, Culture & Critique. 4: 1–22. doi:10.1111/j.1753-9137.2010.01089.x
- ↑ a b Roniger, Luis; Briquet, Jean-Louis; Sawicki, Frederic; Auyero, Javier; Piattoni, Simona (2004). «Political Clientelism, Democracy, and Market Economy». Comparative Politics. 36 (3): 353–375. JSTOR 4150135. doi:10.2307/4150135
- ↑ Graham, Richard (1997) Clientelismo na cultura política brasileira. Toma lá dá cá, Braudel Center Papers No. 15
- ↑ a b Tornquist, Olle (1999) Politics and Development: A Critical Introduction, SAGE
- ↑ Clapham, Christopher (1985) Third World Politics, Croom Helm
- ↑ Gruen, Erich S. (1986) "Patrocinium and clientela," in The Hellenistic World and the Coming of Rome, University of California Press, Vol. 1, pp. 162–163.
- ↑ BANK, WORLD. «Helping countries combat corruption: the role of the World Bank» (PDF). Consultado em 19 de junho de 2019
- ↑ Albuquerque, Afonso; Pinto, Pâmela (2014). «O inferno são os outros: mídia, clientelismo e corrupção.». Revista FAMECOS. Consultado em 19 de junho de 2019