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Uma base naval é um tipo de base militar destinada a abrigar, abastecer e reparar os navios de uma marinha de guerra, bem como a garantir as condições para o descanso das suas tripulações. Na generalidade dos casos, uma base naval é a versão militar de um porto marítimo.
Conforme o país, a época, a dimensão e o tipo, as bases navais podem receber designações diferentes como "porto de guerra", "porto militar", "arsenal", "estação naval", "ponto de apoio naval" ou outras.
Geral
História
A noção de base naval é tão antiga quanto a de marinha de guerra. Segundo o almirante norte-americano Alfred Thayer Mahan, "é inútil armar navios se eles não dispuserem de bases onde se possam apoiar". As bases navais são os pontos de apoio das esquadras navais de um país. Se as condições atuais de desenvolvimento tecnológico permitem que os navios de guerra disponham de uma elevada autonomia que permita diminuir o número de bases navais necessárias, isto nem sempre foi assim.
Já em 412 a.C., os Atenienses construiram, na ilha de Quios, um porto dedicado à sua frota de guerra. A Classis (marinha de guerra da Roma antiga) dispunha de uma rede de bases navais em todo o Mediterrâneo, de entre as quais se destacavam as de Ravena, Nápoles, Aquileia e Córsega.
Na Idade Média, Veneza - cuja República tinha uma frota com cerca de 300 navios de guerra - constituía a maior base naval da Europa.
A partir do século XV, a grande expansão marítima portuguesa levará à criação da primeira rede mundial de bases navais. Além da base de partida em Lisboa, a Marinha Portuguesa irá estabelecer uma série de bases ultramarinas de apoio às rotas de navegação entre Portugal e os novos territórios em África, Ásia, América e Oceânia. Uma das primeiras grandes bases ultramarinas será a de São Jorge da Mina, estabelecida no Golfo da Guiné a partir de 1481.
No século XVI, outras potências como a Espanha, a França, a Holanda e a Inglaterra lançam-se na expansões marítimas, criando a sua própria rede de bases ultramarinas. O auge será alcançado pela Royal Navy britânica, no início do século XX, com uma enorme rede de bases estabelecidas em todos os continentes e oceanos do Mundo, destacando-se, de entre as mais estratégicas, as de Gibraltar, Malta, Cidade do Cabo, Adem, Singapura e Hong Kong.
Até à segunda metade do século XX, em virtude do limite de autonomia dos navios, era fundamental para cada país com grande vocação marítima, dispôr de uma rede numerosa de pontos de apoio naval. Paradoxalmente, a passagem da marinha à vela para a marinha a vapor, no século XIX, veio ainda aumentar essa dependência, constituindo assim uma regressão estratégica, uma vez que as esquadras a vapor necessitavam de combustível o que as obrigava a um reabastecimento muito mais frequente que só poderia ser realizado em bases navais.
A situação de dependência de um grande número de bases navais só começou a alterar-se com a introdução da propulsão nuclear, depois da Segunda Guerra Mundial e dos sistemas de reabastecimento de esquadras em pleno mar.
Tipos de bases navais
As bases navais podem dividir-se em vários tipos e categorias.
Em primeiro lugar, podem dividir-se em bases navais permamentes e bases navais temporárias. As bases permamentes constituem instalações definitivas, existentes mesmo tanto em tempo de paz, normalmente com infraestruturas mais desenvolvidas e completas. Estas incluem sempre cais, docas, ou, pelo menos, um fundeadouro natural protegido, bem como aquartelamentos para as guarnições dos navios e pessoal de terra, estações de reabastecimento de combustível, víveres e munições, oficinas navais e centros de comando e comunicações. Conforme o tipo, além daquelas infraestruturas básicas, uma base naval pode ainda incluir outras como um arsenal ou estaleiro naval com docas secas para reparação ou construção de navios, abrigos cobertos para submarinos, hospital, escolas e centros de instrução naval e base aeronaval. Sobretudo no passado, frequentemente, as bases navais eram defendidas por fortificações, que poderiam incluir batarias de artilharia de costa, defesas contra ataques terrestres e defesas antiaéreas.
Ao contrário das bases permamentes, as bases navais temporárias são normalmente estabelecidas apenas em tempo de guerra, sendo operadas só durante o período em que durarem as operações navais que têm a missão de apoiar. Uma base deste tipo pode ser instalada numa baía, enseada, fiorde, rio, laguna ou outro local que permita que uma força naval permaneça minimamente abrigada, com um mínimo de facilidades - normalmente de caráter provisório - de apoio em terra. No entanto, algumas bases temporárias poderão ser mais desenvolvidas, incluindo cais que permitem a acostagem de navios e não apenas o seu fundeio, instalações de reparação naval e outras facilidades, que podem ser construídas propositadamente ou podem resultar da adaptação a uso militar de infraestruturas portuárias civis já existentes.
Também se podem classificar as bases navais de acordo com a importância estratégica da sua localização geográfica, da sua capacidade em termos de facilidades disponíveis e da importância das forças navais aí baseadas. Conforme a importância, podem ser bases navais primárias, secundárias, terciárias ou eventuais.
No grupo das bases eventuais inserem-se as bases de estação naval, as quais de destina apenas a abrigar os navios de uma estação naval ou seja de uma força naval destacada numa região distante da base principal, para seu controlo ou vigilância. Estas bases têm normalmente uma capacidade limitada de efetuar reparações, tendo os navios da estação naval de se deslocar à sua base principal para efetuar as grandes reparações.
Em termos de localização, para lá das mais comuns bases navais com acesso ao mar aberto, existem bases destinadas a abrigar forças navais que operam em lagos ou rios fechados. Estas bases, são frequentemente designadas "bases fluviais".
As bases navais também se podem dividir entre as multipropósito e as especializadas. As primeiras destinam-se à operação de todos os tipos de navios, podendo também dispor de facilidades para a aviação naval e a infantaria naval. As bases especializadas destinam-se à operação de um único tipo de meios navais. Exemplos destas últimas são as bases de submarinos, as bases navais anfíbias e as bases aeronavais. De notar que, nas grandes bases navais multipropósito, existem frequentemente terminais e instalações portuárias separadas para albergar cada tipo de navio, como são os casos dos abrigos de submarinos, dos cais de navios de combate de superfície ou dos cais de navios logísticos, cada qual constituindo uma espécie de pequena base naval dentro da base maior.
Em termos de infraestrutura, as bases navais podem ser portos naturais ou artificiais. As bases instaladas em portos naturais são as mais antigas, uma vez que a sua instalação implica uma menor complexidade técnica e um investimento financeiro menor. A sua localização é escolhida pela existência de um acidente geográfico costeiro, como uma baía, um estuário ou uma ria, que permita o abrigo de navios sem a necessidade de obras significativas. As condições dos portos naturais podem, contudo, ser melhoradas através da construção de quebra-mares e de outras estruturas artificiais. As bases navais instaladas em portos artificiais, implicam custos muito maiores e só são implementadas quando não existem portos naturais na região onde é necessária a sua instalação ou quando se destinem a abrigar navios de grande dimensão que necessitem de portos de águas profundas que não são encontradas em locais com abrigos naturais.
Dentro do grupo das bases artificiais inserem-se algumas bases navais com infraestruturas especiais, como são os casos das bases com abrigos cobertos antibomba construídos em betão - normalmente para uso de submarinos - ou as bases subterrâneas, que incluem tuneis escavados em penhascos costeiros, no interior dos quais estão cais para atracação de navios.
Bases navais por países
Brasil
A baía de Guanabara constitui a principal base naval brasileira, estando aí baseada a maioria da Esquadra da Marinha do Brasil. Na baía, localizam-se várias instalações navais que incluem o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (centro de construção e reparação naval e base de navios aeródromos e navios-escola), a Base Almirante Castro e Silva (base da Força de Submarinos) e a Base Naval do Rio de Janeiro (base da Força de Superfície), para além de outras organizações militares da Marinha.
Além das instalações na Guanabara, a Marinha do Brasil dispõe de diversas bases navais secundárias, vocacionadas sobretudo para o apoio aos meios navais distritais. Estas são a Base Naval de Aratu (base do 2º Distrito Naval e da Força de Minagem e Varredura), a Base Naval de Val-de-Cães (base do 4º Distrito Naval), a Base Naval de Rio Grande no Rio Grande do Sul (base do 5º Distrito Naval que é e um dos principais do Brasil) a Base Naval de Natal (base do 3º Distrito Naval), a Base Fluvial de Ladário (base do 6º Distrito Naval e da Flotilha do Mato Grosso) e a Estação Naval do Rio Negro (base do 9º Distrito Naval e da Flotilha do Amazonas).
A Marinha do Brasil também dispõe da Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, onde está sediada a sua Força Aeronaval.
Estados Unidos da América
A Marinha dos EUA dispõe de uma vasta rede de bases navais espalhadas por todo o Mundo.
Existem inúmeros tipos de bases, dos quais os principais são:
- Estações navais (NS, naval stations) - bases navais vocacionadas para o apoio às forças de combate de superfície;
- Estações aéreas navais (NAS, naval air stations) - bases aéreas da aviação naval;
- Facilidades aéreas navais (NAF, naval air facilities) - aeródromos secundários da aviação naval;
- Bases submarinas navais (NSB, naval submarine bases) - bases das forças de submarinos;
- Bases anfíbias navais (NAB, naval amphibious bases) - bases de navios das forças de operações anfíbias;
- Estações de armas navais (NWS, naval weapons stations) - bases de armazenamento e reabastecimento de armas e munições;
- Atividades de suporte naval (NSA, naval support activities) - pontos de apoio naval secundários;
- Bases navais (NB, naval bases) - congregações de duas ou mais bases dos tipos anteriores, situadas na mesma área.
Para além destas, existem ainda outros tipos de instalações como estaleiros navais e centros de testes de armamento.
As duas principais bases da Marinha dos EUA - que são igualmente as maiores bases navais do Mundo - são a Base Naval de San Diego e a Estação Naval de Norfolk. A primeira é a sede da Frota do Pacífico e a segunda é o principal porto de apoio à forças navais no Atlântico, no Mediterrâneo e no Índico.
Outras bases navais importantes dentro dos EUA são as de Coronado, New London, Guam, Kings Bay, Pearl Harbor, Annapolis, Newport, Little Creek, Kitsap e Everett. No estrangeiro, destacam-se as bases navais de Guantánamo (Cuba), Rota (Espanha) e Barém.
Como bases aeronavais, destacam-se as de Jacksonville, Key West, Pensacola, Whiting Field, Patuxent River, Meridian, Fallon, Corpus Christi, Oceana, Whidbey Island, Sigonella (Itália) e Atsugi (Japão).
França
A Marine nationale da França dispõe de duas bases navais principais, o Arsenal de Brest no Atlântico e o Porto Militar de Toulon no Mediterrâneo. Para além destas, na metrópole, dispõe ainda das bases secundárias de Cherburgo, Lorient e Baiona. No ultramar e no estrangeiro, dispõe de bases navais em Forte de França (Martinica), Dégrad des Cannes (Guiana Francesa), Pointe des Galets (Reunião), Djibouti, Nouméa (Nova Caledónia) e Papeete (Polinésia Francesa).
A Aviação Naval da Marine nationale (AVIA) dispõe das bases de aeronáutica naval de Landivisiau, de Lanvéoc-Poulmic, de Lann-Bihoué, de Nîmes-Garons e de Hyères Le Palyvestre.
Portugal
A Marinha Portuguesa dispõe de uma única instalação designada "base naval", a Base Naval de Lisboa (BNL), localizada no Alfeite, na margem sul do estuário do Tejo. A BNL é a principal base operacional da Marinha, estando aí baseada a maioria da sua esquadra e do seu pessoal. No perímetro da BNL, estão também instalados outros órgãos da Marinha como o Arsenal do Alfeite, a Escola Naval, a Escola de Tecnologias Navais e a Base de Fuzileiros.
Para além da BNL, a Marinha Portuguesa dispõe de dois pontos de apoio naval (Ponto de Apoio Naval de Portimão e o Ponto de Apoio Naval de Tróia) e outras bases secundárias (Leixões, Funchal e Ponta Delgada) que se destinam a apoiar os navios que permanecem estacionados nas diversas zonas marítimas de Portugal.
Reino Unido
Até ao século XX, a Royal Navy britânica dispôs de uma vasta rede de bases navais espalhadas por todo o Mundo, no âmbito da sua política de controlo marítimo global. Hoje em dia, no entanto, dispõe apenas de três bases operacionais, a HMNB Clyde, a HMNB Devonport e a HMNB Portsmouth, todas localizadas no Reino Unido. Para lá da sua designação como "HMNB, Her Majesty's naval bases" (bases navais de Sua Majestade), as bases da Royal Navy são igualmente designadas pelo nome de um navio, sendo por isso apelidadas de "fragatas de pedra". Assim, as bases de Clyde, Devonport e Portsmouth, são também designadas, respetivamente como "HMS Neptune", "HMS Drake" e "HMS Nelson".
A Royal Navy dispõe também de duas bases aeronavais, operadas pela Fleet Air Arm (Ramo Aéreo da Frota). Existem as Royal naval air stations (Reais estações aéreas navais) de Culdrose e de Yeovilton. Estas são também designadas, respetivamente como "HMS Sehawk" e "HMS Heron".
Outros países
Diversos outros países dispõem de bases navais de importância mundial, pelas capacidades das suas infraestruturas, pela sua localização estratégica ou pelo poder das forças navais aí baseadas.
Assim, no Atlântico e no Báltico, destacam-se as bases navais de Puerto Belgrano na Argentina, de Simonstown na África do Sul, de Cádis e Ferrol na Espanha, de Wilhelmshaven e Kiel na Alemanha, de Karlskrona na Suécia, de Kronstadt e Murmansk na Rússia e de Halifax no Canadá.
No Mediterrâneo e no Mar Negro, destacam-se as bases navais de Cartagena na Espanha, de La Spezia, Taranto, Augusta na Itália, de Salamina na Grécia, de Gölcük na Turquia e de Sevastopol na Crimeia.
No Índico e Pacífico, destacam-se as bases navais de Karwar na Índia, de Qingdao na China, de Yokosuka no Japão, de Vladivostok na Rússia, de Vancouver no Canadá e de Valparaíso no Chile.
Segundo o chefe da marinha persa, uma base naval é 10 vezes mais eficiente do que armas nucleares.[1]
Ver também
Referências
Bibliografia
- MONIZ, Jaime Botelho, Visões Estratégicas no Final do Império, Tribuna da História, 2007
- COUTAU-BÉGARIE, Hervé, La puissance maritime, Castex et la stratégie navale, Fayard, 1985
- GARDINER, R., The age of the galley, Conway Maritime Press, 1995
- ROSSIGNOL, Benoît, LE BORGNE, Roland, Reconstruction, restructuration et modernisation des bases navales (1944-1949), Revue historique des armées, n.° 220, 2000.