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Nascimento | |
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Morte |
ou Porto Ercole |
Sepultamento | |
Nome no idioma nativo |
Michelangelo Merisi da Caravaggio |
Atividade | |
estudante |
Simone Peterzano (en) |
Local de trabalho | |
Movimento | |
Pai |
Fermo Merixio (d) |
Mãe |
Lucia Aratori (d) |
Cônjuge |
- |
Distinção |
Michelangelo Merisi (ou Amerighi), conhecido mononimamente como Caravaggio (Caravaggio, 29 de setembro de 1571 – Porto Ercole, 18 de julho de 1610), foi um dos mais notáveis pintores italianos, atuou a maior parte da sua vida em Roma. Durante os últimos quatro anos da sua vida mudou-se entre Nápoles, Malta e Sicília. Caravaggio adquiriu grande fama internacional em vida, e imediatamente após a sua morte, constituiu a corrente do Caravagismo e exerceu forte influência na pintura barroca do século XVII[1]. Esteve esquecido até entrar na senda crítica do século XX [2], e é hoje considerado um dos mais famosos representantes da arte ocidental de todos os tempos, fundador da corrente naturalista moderna, em oposição ao Maneirismo e ao Classicismo, bem como precursor da sensibilidade barroca.[3][4]. Caravaggio era o nome da aldeia natal da sua família e foi escolhido como seu nome artístico.[5]
Exceto em suas primeiras obras, Caravaggio pintou fundamentalmente temas religiosos. No entanto, foram várias as vezes em que as suas pinturas feriam as susceptibilidades dos seus clientes. Em vez de adotar nas suas pinturas belas figuras etéreas, delicadas, para representar acontecimentos e personagens da Bíblia, ele preferia escolher, por entre o povo, modelos humanos tais como prostitutas, crianças de ruas e mendigos, que posavam como personagens para as suas obras.[6]
Caravaggio procurou a realidade palpável e concreta da representação. Utilizou como modelos figuras humanas, sem qualquer receio de representar a feiura, a deformidade em cenas provocadoras, características essas que distinguem as suas obras. Tudo isso chocou os seus contemporâneos, pela rudez das suas pinturas. Dos efeitos que Caravaggio dava aos quadros, originou-se o tenebrismo, radicalização do Chiaroscuro, em que os tons terrosos contrastam com os fortes pontos de luz.
Michelangelo Merisi nasceu no Ducado de Milão, onde seu pai, Fermo Merisi, era administrador e arquiteto-decorador do marquês de Caravaggio. Ele tinha apenas seis anos quando a peste bubônica matou praticamente todos os homens de sua família, incluindo seu pai. Ele cresceu contencioso e agressivo.[7]
Michelangelo Merisi surgiu na cena artística romana em 1600 e, desde então, nunca lhe faltou comissões ou patronos. Porém ele lidou com seu sucesso de maneira atroz. Uma nota precocemente publicada por Floris Claes van Dijk sobre ele, em 1604, descrevia seu estilo de vida três anos antes: "após uma quinzena de trabalho, ele irá vagar por um mês ou dois com uma espada a seu lado e um servo o seguindo, de um salão de baile para outro, sempre pronto para se envolver em alguma luta ou discussão, de tal maneira que é bastante torpe acompanhá-lo".[7]
Considerado um farrista inconsequente, ele vivia com problemas com a polícia, sem dinheiro e buscava brigas nos pulgueiros da cidade. Em 1606, matou um jovem durante uma briga e foge de Roma, com a cabeça a prêmio. Passou por Nápoles, depois por Malta e pela Sicília, onde pintou telas de lirismo transfigurado, em temas como a ressurreição de Lázaro (Messina), na qual, sob o pavor de um imenso espaço vazio, um raio de luz rasante parece imobilizar o drama sagrado. Em Malta (1608) envolveu-se em outra briga, e mais outra em Nápoles (1609), possivelmente um atentado premeditado contra a sua vida devido suas ações, por inimigos nunca identificados.
Por seu gênio difícil e vida turbulenta, ele tem sido considerado um personagem enigmático, fascinante e perigoso.[6] O pintor neerlandês Floris Claes van Dijk, contemporâneo de Caravaggio, descreveu-o da seguinte maneira:
“ | Após vários anos de trabalho, Caravaggio andou de cidade em cidade servindo vários senhores importantes. É um trabalhador incansável, porém orgulhoso, teimoso e sempre disposto a participar em discussões e a envolver-se em brigas, o que torna difícil conviver com ele. Passou a envolver-se em brigas, fazer ameaças e insultos em comércios, quebrando pratos em restaurantes e ferindo seus adversários com faca ou espada.[7] | ” |
Após uma carreira de pouco mais de uma década, Caravaggio morreu em circunstâncias desconhecidas, em julho de 1610, aos 38 anos. Seu corpo permaneceu em local desconhecido por séculos.[8]
Em 16 de junho de 2010, uma equipe de cientistas e universitários italianos do "Comitê Caravaggio" anunciou a identificação dos restos mortais do pintor, graças a análises de DNA e de carbono-14, no pequeno cemitério da frazione de Porto Ercole, na comuna de Monte Argentario, na Toscana. A probabilidade de certeza desta descoberta, divulgada pelos pesquisadores, é de 85%.[9]
Em estudo divulgado em setembro de 2018, identificou-se que a morte de Caravaggio foi provocada por uma infecção causada pela bactéria Staphylococcus aureus, contraída a menos de um mês de sua morte por ferimentos em decorrência de uma briga, na qual foi ferido por uma espada. Para chegar a esta conclusão, pesquisadores analisaram seus dentes molares, caninos e incisivos, onde abundam os vasos sanguíneos - para determinar a causa real de sua morte.[10]
Caravaggio tomava emprestada a imagem de pessoas comuns das ruas de Roma para retratar Maria e os apóstolos. A sua inspiração estava entre comerciantes, prostitutas, marinheiros, todo o tipo de pessoas que não eram de nobre estirpe e que tivessem grande expressão, como as suas obras retratam. Talvez tenha sido um dos primeiros artistas a saber conciliar a arte com o "ministério de Jesus", que teria acontecido entre pescadores, camponeses e prostitutas.[11]
O artista levou este princípio estético às últimas consequências, a ponto de ter sido acusado de usar o corpo de uma prostituta fisgada morta do rio Tibre para pintar A Morte da Virgem. Esta foi uma das duas mais importantes características das suas pinturas: retratar o aspecto mundano dos eventos bíblicos, usando o povo comum das ruas de Roma.
Em a Flagelação de Cristo[12] compôs uma coreografia com contrastes de claro-escuro, onde Cristo se apresentava num movimento de total abandono, conseguindo uma composição de beleza carismática. Já em São João Batista,[13] demonstra um jovem de olhar provocador.
A outra característica marcante foi a dimensão e impacto realista que ele deu aos seus quadros, ao usar um fundo sempre raso, obscuro, muitas vezes totalmente negro, e agrupar a cena em primeiro plano com focos intenso de luz sobre os detalhes, geralmente os rostos. O uso de sombra e luz é marcante em seus quadros e atrai o observador para dentro da cena - como fica bem demonstrado em A ceia de Emaús.[14] Os efeitos de iluminação que Caravaggio criou receberam um nome específico: tenebrismo.
Na obra David com a cabeça de Golias,[15] uma cabeça decapitada, onde ele mesmo é o Golias, um sanguinário grotesco, um monstro. Na decapitação de João Batista, o mal era representado por outra pessoa. Aqui, é Caravaggio quem personifica a maldade. Na espada de David foi escrito Humilitas Occedit Superbiam ("A Humildade Conquista o Mundo"). Uma batalha que tem sido travada dentro da cabeça de Caravaggio, entre os dois lados opostos do pintor retratado nessa fascinante obra.
No fim do Renascimento, os grandes mestres caminhavam para uma visão mais obscura e realista das escrituras sagradas, como se vê principalmente em A Conversão de São Paulo[16] e no Martírio de São Pedro - afrescos de Michelangelo Buonarroti, realizados na Cappella Paolina, no Palácio Vaticano. Caravaggio pintou versões próprias desses temas - A conversão de São Paulo, a caminho de Damasco[17] e Crucificação de São Pedro[18] - que ilustram bem como foi capaz de igualar, senão de superar seus mestres.
Caravaggio reagiu às convenções do maneirismo e opôs a elas uma pintura natural, direta, e até mesmo brutal, que pela sua franqueza renovou a natureza morta (Cesta de frutas - 1596),[19] e as cenas profanas (Baco, 1593-1594),[20] bem como os temas religiosos (Descanso durante fuga para o Egito,[21] 1594-1596). Os contrastes de forma e luz sublinham formas maciças que, na maior parte de suas obras, emergem vigorosamente de um fundo negro escuro com pouca profundidade como em temas cotidianos, a exemplo de A Adivinha.[22]
O Palazzo Barberini, conserva, além do Narciso e de Judite e Holofernes, de Caravaggio, setenta pinturas caravaggescas, que permitem acompanhar a parábola da pintura naturalística desde o seu início, nos primórdios do século XVII, com O amor sacro e o amor profano de Baglioni (1602), até seu declínio, nos anos 1630.
Em 10 de novembro de 2006, um quadro do pintor, integrante da coleção da rainha Elizabeth II de Inglaterra foi autenticado depois de seis anos de análise técnica. Até então, fora considerado uma cópia.[23]
Em abril de 2014 foi descoberta a pintura "Judite e Holofernes" no sótão de uma casa no sudoeste de França e proibida de sair do país pelas autoridades. A existência da obra era conhecida por uma cópia atribuída a Louis Finson, pintor flamengo contemporâneo de Caravaggio. A obra estava numa zona de sótão por baixo do telhado de uma casa antiga na região de Toulouse.[24][25]
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(...)Caravaggio was just 6 years old when bubonic plague killed virtually every man in his family, including his father. He grew up contentious, aggressive and touchy.(...)Caravaggio squabbling, fighting, trading threats and insults, smashing plates in restaurants and slashing opponents with knife or sword.
Caravaggio died under unknown circumstances around the 18th of July, 1610, after only a decade-long career. His body was never recovered.