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O Arianismo (em grego koiné: Ἀρειανισμός, transl.: Areianismós) foi uma visão cristológica antitrinitária sustentada pelos seguidores de Ário, presbítero cristão de Alexandria nos primeiros tempos da Igreja primitiva, que negava a consubstancialidade entre Jesus e Deus Pai, que Os igualasse.
Jesus então, seria subordinado a Deus Pai, sendo Ele (Jesus) não O próprio Deus em Si e por Si mesmo. Segundo Ário, só existe um Deus e Jesus é Seu filho e não O próprio Deus. Ao mesmo tempo afirmava que Deus seria um grande eterno mistério, oculto em Si mesmo, e que nenhuma criatura conseguiria revelá-l’O, visto que Ele não pode revelar a Si mesmo. Com esta linha de pensamento, o historiador H. M. Gwatkin afirmou, na obra «The Arian Controversy»: «O Deus de Ário é um Deus desconhecido, cujo ser se acha oculto em eterno mistério.»[1]
Foi condenada como heresia no Primeiro Concílio de Niceia em 325 d.C devido ao Antitrinitarismo da doutrina.
Por volta de 319, Ário, que estudou com Luciano de Antioquia[2], que, por sua vez, fora influenciado por Paulo de Samósata, que foi acusado de ser um adepto do adocionismo; começou a propagar que só existia um Deus verdadeiro, o "Pai Eterno", princípio de todos os seres. O Cristo-Logos havia sido criado por Ele antes do tempo como um instrumento para a criação, pois a divindade transcendente não poderia entrar em contato com a matéria. Apesar disso, Cristo, era inferior e limitado, e não possuía o mesmo poder divino, situando-se entre o Pai e os homens. Não se confundia com nenhuma das naturezas por se constituir em um semideus. Ário afirmava ainda que o Filho era diferente do Pai em substância. Essa ideia ligava-se ainda ao antigo culto dos heróis gregos, dentre os quais para ele Cristo sobressaía com o maior, embora apenas possuísse uma divindade em sentido impróprio. Como meio de difusão mais abrangente de suas ideias, fê-lo sob a forma de canções populares.
Um primeiro sínodo, em Alexandria, expulsou Ário da comunhão eclesiástica, mas dois outros concílios, fora do Egito, condenaram aquela decisão, reabilitando-o. Ário procurou o apoio de companheiros que, como ele, haviam sido discípulos de Luciano de Antioquia, em especial Eusébio, bispo de Nicomédia (atual İzmit). A luta que se seguiu chegou a ameaçar a unidade da Igreja e, ante o perigo de fragmentar também o império, levou o imperador Constantino a enviar Ósio, bispo de Córdoba, seu conselheiro particular, como mediador. O insucesso da missão levou-o a convocar, em 325, um concílio universal em Niceia (atual İznik). No Primeiro Concílio de Niceia (325) a maioria dos prelados, corroborada pelo próprio Constantino graças à influência de Atanásio de Alexandria (criador do termo "homoousios" (Consubstancialidade), significando "de substância idêntica" – para descrever a relação de Cristo com o Pai), condenou as propostas arianas, e declarou-as heréticas, obrigando à queima dos livros que as continham e promulgando a pena de morte para quem os conservasse[3]. Definiu ainda o chamado "Credo Niceno".[4]
As várias dúvidas suscitadas pelo Sínodo de Niceia reacenderam as lutas, com os prelados acusando-se mutuamente de hereges. Várias fórmulas dogmáticas foram ensaiadas para complementar a de Niceia, acentuando ainda mais as divisões, num conflito que expôs cada vez mais as diferenças entre o Ocidente latino e o Oriente grego, envolvendo disputas de primazia hierárquica e de política. Desse modo, num novo sínodo geral, celebrado na fronteira dos dois impérios, os ocidentais congregaram-se em torno do Credo de Niceia e excomungaram os hereges. Os orientais, a seu tempo, apoiaram as ideias de Ário e excomungaram não apenas os bispos apoiantes de Niceia como também o próprio bispo de Roma.
Ário retornou a Constantinopla em 334, chamado por Constantino e, segundo a lenda, faleceu em 336 quando a caminho de receber a comunhão novamente.
As ideias de Ário foram adotadas pelos Imperadores Romanos: Constâncio II (337-361) e Valente (364-378) sem que, entretanto, fossem impostas à Igreja. Difundiram-se entre os povos bárbaros do Norte da Europa, quando da evangelização dos Godos, pela ação de Úlfilas, missionário enviado pelo imperador romano do Oriente. Os Ostrogodos e Visigodos chegaram à Europa ocidental já cristianizados, mas arianos.
Uma carta de Auxêncio, bispo de Milão do século IV, referindo-se ao missionário Úlfilas, apresentou uma descrição clara da teologia ariana sobre a Divindade: Deus, o Pai, nascido antes do tempo e Criador do mundo era separado de um Deus menor, o Logos, Filho único de Deus (Cristo) criado pelo Pai. Este, trabalhando com o Filho, criou o Espírito Santo, que era subordinado ao Filho e, tal como o Filho, era subordinado do Pai. Segundo outros autores, para Ário, o Espírito Santo seria uma criatura do Logos (Filho).
Proeminentes senhores da guerra vândalos e lombardos também adotavam um cristianismo ariano, assim como Odoacro, que reinou sobre a Itália entre 476 e 493.
A questão só seria debelada quando, em fins do reinado de Teodósio, ao tornar-se religião oficial do império, o cristianismo ortodoxo-romano afirmou-se em definitivo.
Após o século V, devido às perseguições, o movimento desapareceu gradualmente.
Séculos mais tarde, o nome "arianos" foi usado na Polônia para se referir a uma seita cristã unitária, a Irmandade Polonesa. Eles inventaram teorias sociais radicais e foram precursores do iluminismo.
"Semiarianismo" tem sido um nome aplicado por muitos para grupos não trinitários, desde então como: Testemunhas de Jeová, Cristadelfianos, Estudantes da Bíblia Livres, Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora, alguns grupos Adventistas e outros grupos menores que professam o cristianismo. Existe também alguns grupos independentes de cunho protestantes, mas bem pequenos, que compartilham de ideologia semelhante.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias também prega a separação de Deus que é pai, Jesus Cristo que é filho literal na carne e Espírito Santo que é o que testifica aos homens as coisas de Deus. Em consonância com a regra de fé ([5]) Joseph Smith Jr. o primeiro profeta da igreja teve uma visão em que viu Deus e Jesus Cristo lado a lado, no que é conhecido como a primeira visão. Existem outros que viram Deus e Jesus Cristo como seres separados, um exemplo bíblico é Estevão, no qual é dito (na tradução de João Ferreira de Almeida):
A Igreja da Unificação ("Associação do Espírito Santo para a Unificação do Cristianismo Mundial") fundada pelo reverendo Sun Myung Moon, também prega e crê na separação entre as pessoas de Deus, Jesus e o Espírito Santo. Segundo a Teologia Unificacionista, Deus, o Criador encerra em si mesmo as dualidades masculina e feminina, e que Jesus representa a masculinidade perfeita de Deus, enquanto que o Espírito Santo representa a feminilidade perfeita de Deus. Se Jesus não tivesse sido rejeitado pelos seus contemporâneos, Ele constituiria a primeira família perfeita (livres do pecado original), como Adão e Eva restaurados e aperfeiçoados. Sua esposa seria a feminilidade divina em substância assim como Ele é a masculinidade divina em substância refletindo a perfeita imagem de Deus na terra. Como ele morreu sem constituir uma família substancial, Jesus permaneceu como a substância da masculinidade divina em espírito somente e o Espírito Santo assumiu o papel da feminilidade substancial em espírito somente, ficando a realização no plano físico por conta da segunda vinda do Cristo. Portanto para os unificacionistas, não é incorreta a crença de que Jesus é Deus e o Espírito Santo é Deus, ou que ambos são Deus, já que isto pode ser dito de um casal que substancialize as características duais de Deus de forma substancial aqui na Terra (que era o ideal de Deus para com Adão e Eva). Por isto Jesus era chamado o último Adão, e também Ele dizia que Ele mesmo era Deus, ao mesmo tempo que O chamava de Pai.